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28 jun 2021

Custo reduz lançamentos imobiliários em 58%

O pedido para redução da tarifa de importação do aço de 12% para 1%, pelo período de seis a 12 meses, é o mais novo pleito da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) junto ao governo federal.

O pedido para redução da tarifa de importação do aço de 12% para 1%, pelo período de seis a 12 meses, é o mais novo pleito da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) junto ao governo federal. O objetivo é fazer frente à alta no preço do insumo no mercado interno, e restabelecer o equilíbrio da cadeia produtiva.

No intervalo de um ano, segundo os analistas ouvidos pela reportagem de A TARDE, o preço dessa e outras matérias-primas, como cobre e cimento, praticamente dobrou. A proposta foi apresentada ao ministro da Economia, Paulo Guedes, semana passada. Na quinta, 24, a Fundação Getulio Vargas divulgou que o Índice Nacional de Custos da Construção (INCC) saltou de 1,8% em maio para 2,3% em junho.

As incertezas com relação a custos fizeram com que as empresas do setor, um dos que mais emprega no país, tirassem o pé do acelerador e adiassem novos projetos. Segundo dados da CBIC, o número de lançamentos imobiliários caiu 58% no primeiro trimestre de 2021, em relação ao (quarto e) último de 2020.

Em comparação com o primeiro trimestre do ano passado, o crescimento foi de apenas 3,7%. A oferta final de imóveis nos três primeiros meses de 2021 caiu quase 15%, na comparação com o mesmo período de 2020.

Os reajustes dos preços de materiais de construção são constantes desde o início da pandemia, aponta o presidente da Associação dos Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário da Bahia (Ademi), Cláudio Cunha. Segundo ele, a situação deve refletir no preço final de imóveis novos, além de impactar as obras públicas.

Segundo a CBIC, a lucratividade das incorporadoras caiu pela metade no primeiro trimestre deste ano –, em função do bom desempenho apresentado pelo setor nos meses anteriores, que comercializa produtos e que estavam em estoque. Do ponto de vista do comprador, no entanto, o momento ainda é favorável à aquisição da casa própria, ele afirma.

Presidente da Comissão de Materiais, Tecnologia, Qualidade e Produtividade da CBIC, Dionyzio Klavdianos conta que a elevação dos preços dos insumos “nessa escala, e em um intervalo tão curto de tempo, é algo nunca antes ocorrido”.

“Se fosse em um prazo mais longo, era uma coisa. Mas o aço subiu 100%, isso por si só já impacta, é o principal insumo. Obra pública também sofre, e é preciso reequilibrar os contratos. Quem ganhou concorrência não esperava pelo aumento, sob risco de parar a obra. Isso afeta investimento, crescimento (da economia)”, diz.

Klavdianos, explica que o movimento, porém, é “generalizado em todo o mundo”. A pandemia e o isolamento social catapultaram a demanda por imóvel novo, reforma e construção, provocando uma desarrumação na indústria. Ele conta que “o mundo entrou em reforma”, até mesmo o (clube de futebol espanhol) Real Madrid resolveu reconstruir o estádio. “O povo está consumindo (insumos), ninguém dá conta. E cada país sente de uma forma”, fala.

Ele explica ainda que no Brasil só existem duas siderúrgicas, e até então o consumo andava baixo. Mas que no início da pandemia houve uma retração, as empresas desligaram os alto-fornos, até que houve o boom. “Se o aço sobre, ocorre um efeito manada. Cimento também aumentou, assim como os prazo de entrega também cresceram”.

Cláudio Cunha lembra que o câmbio (dólar alto) favoreceu a exportação do aço brasileiro, o que complicou ainda mais a situação. “O momento (para a compra de imóvel) é bom, e de recuperação. O cenário de juros futuros ainda dá uma expectativa positiva. O desafio é mesmo o custo, que preocupa, e acarreta na alta dos preços dos imóveis. O INCC divulgado é uma prova do desequilíbrio dos contratos públicos”.

Indústria de materiais

A Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat), por meio da assessoria de imprensa, informou que “está ciente da crescente preocupação decorrente do aumento dos preços dos materiais de construção. Nesse contexto, a associação reitera que os movimentos de preços identificados no mercado desde o segundo semestre de 2020 são consequência de uma série de fatores conjunturais que estão contribuindo, em maior ou menor grau, dependendo do produto e região, para a situação experimentada neste momento”.

Disse ainda que entende “a legítima preocupação com a tendência apresentada de alta nos preços de praticamente todos os insumos da indústria de materiais de construção, além dos significativos aumentos de custos de frete”. E que espera, juntamente com os demais elos da cadeia, mais o governo e a sociedade, “buscar soluções que amenizem os impactos para todos”.

Fonte: A Tarde Online

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