19 jul, 2021

A decisão de comprar o imóvel

Artigo publicado no jornal A Tarde, em 17/07/21

Com a pandemia e a necessidade de passar mais tempo da porta para dentro, a intenção de comprar imóveis cresceu. É o que aponta pesquisa divulgada, recentemente, pela Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) sobre o comportamento do consumidor brasileiro. Ela mostra que 54% dos entrevistados preferem comprar a alugar imóveis.   

De acordo com a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), o primeiro trimestre de 2021 registrou um total de 53.185 unidades vendidas, um aumento de 27,1% em comparação com o mesmo período do ano passado.   

A queda da taxa básica de juros, que favorece o crédito imobiliário, e o aumento do Índice Geral de Preço-Mercado (IGP-M), utilizado para corrigir os aluguéis, são fatores de grande influência neste panorama.   

Além disso, como o trabalho e o ensino remotos impuseram, em muitos casos, a necessidade de readequações, ter um imóvel próprio dá a possibilidade de transformar os ambientes de acordo com o estilo de vida dos moradores, garantindo mais personalidade.  

Entretanto, mesmo com a alta no home office, conforme a CBIC, a localização continua sendo um ponto em comum em relação à intenção de compra em todas as faixas de renda. Imóveis próximos ao trabalho, por exemplo, ainda são os preferidos de 63% dos que pretendem adquirir este tipo de bem.  

Como a busca por refúgios em tempos de distanciamento social despertou a função de recanto dos residenciais, outro segmento que também cresceu foi o de compra de áreas para construir casa ou investir. Tanto é que a procura por terrenos, sítios e fazendas à venda no Brasil cresceu 52% na OLX, no terceiro trimestre de 2020, em relação ao mesmo período do ano anterior.   

Isso também mostra outra perspectiva, a de mudança de mentalidade, tendo em vista que muitos consumidores vêm deixando um pouco mais de lado o "consumo de experiência", que as novas gerações vinham adotando, para focar no uso mais racional (e seguro) dos seus recursos financeiros.  

A análise econômica ainda reforça que, enquanto a taxa Selic estiver dentro de um dígito, como se encontra atualmente, o interesse na compra do imóvel continuará em evidência no planejamento dos brasileiros. Até porque, com a baixa rentabilidade dos fundos de investimentos conservadores, é mais interessante fazer investimento em imóvel do que deixar o dinheiro parado.   

Para quem busca ganhos acima do rendimento das aplicações financeiras de baixo risco, materializar o dinheiro, adquirindo um imóvel, se apresenta como melhor estratégia. Basta lembrar, por exemplo, que a poupança é ajustada em 70% do valor da Selic.  

Muita gente parece ter feito essas contas e, em março deste ano, conforme a CBIC, os financiamentos imobiliários com recursos das cadernetas do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) atingiram R$ 18,35 bilhões, uma alta de 172,7% em comparação ao mesmo período do ano anterior.  

Dessa forma, as incorporadoras precisam encontrar os clientes que terão mais afinidade com o produto que elas estão oferecendo. Essa é a hora de usar a comunicação e o marketing para captar este novo cliente, mostrando que ele tem a chance de tomar a melhor decisão e fazer o melhor investimento.      


Cláudio Cunha         
Presidente da ADEMI-BA (Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário da Bahia).