03 abr, 2018

Copa 2018 será a última sem estádios descartáveis

Inutilidade das instalações, após grandes eventos esportivos, leva engenharia a buscar soluções que permitam desmontar 100% das grandes estruturas

A Copa do Mundo de 2018 será a última sem estádios descartáveis. Uma das principais preocupações dos países que promovem eventos da magnitude de mundiais de futebol e jogos olímpicos é a inutilidade das instalações, após as competições. Desde Pequim 2008, o tema sustentabilidade é debatido pelos organizadores, mas pouco ainda foi feito. Londres 2012 conseguiu alguns avanços ao transferir a gestão de obras para a iniciativa privada, sem onerar o poder público. Mas na África do Sul (Copa do Mundo de 2010) e no Brasil (Copa do Mundo de 2014 e Olimpíadas de 2016) muitas instalações ficaram ociosas e geraram prejuízos milionários.

O mesmo tende a acontecer na Rússia depois de 15 de julho, quando terminar a Copa no país. Atento ao problema, o Catar – sede da Copa de 2022 – anuncia que construirá “estádios descartáveis”. Ou seja, após o evento, suas estruturas serão desmontadas para que, nos terrenos, nasçam obras de maior utilidade à população local. O país busca não repetir os erros de outras nações que sediaram a Copa do Mundo recentemente, mas também se inspira na política adotada pela Coreia do Sul como país-sede dos jogos olímpicos de inverno, disputados em fevereiro de 2018.

O estádio pentagonal com 35 mil lugares, e construído ao custo de 60 milhões de dólares (cerca de 190 milhões de reais) na cidade de PyeongChang, foi construído para receber as cerimônias de abertura e encerramento dos jogos sul-coreanos. Utilizando estruturas de aço, a edificação começou a ser desmontada uma semana após o fim do evento. Apenas as fundações em concreto serão utilizadas para que, no local, seja construído um museu e outras instalações de lazer, conforme a concepção original do projeto. A ideia teve o apoio do COI (Comitê Olímpico Internacional), que, em recente relatório, se mostrou convencido de que grandes eventos acabam deixando “elefantes brancos” pelo caminho.

A Fifa também se rendeu à realidade de que a Copa do Mundo gera muitos estádios que, após o evento, acabam se transformando em estruturas onerosas para as comunidades em que eles foram construídos. Por isso, autorizou o Catar a experimentar o conceito de “estádio descartável”. O Ras Abu Aboud, com capacidade para 40 mil lugares, vai utilizar estruturas de aço e compartimentos de contêineres para abrigar camarotes, cabines de imprensa e instalações como banheiros e áreas de alimentação. Ao final da Copa, a estrutura será desmontada e no local nascerá um parque às margens do porto de Doha.

A construção do estádio começa em 2019 e o prazo de conclusão é 2020 – dois anos antes do próximo evento da Fifa. Já a Rússia, que preferiu seguir o modelo de Copa adotado no Brasil, começou a calcular os prejuízos com instalações que ficarão inoperantes após o mundial.  Dos 12 estádios russos, estima-se que seis se tornarão ociosos. O governo, tentando minimizar os prejuízos, decidiu processar as construtoras, sob a alegação de que elas atrasaram cronogramas e projetaram construções sem pensar na sustentabilidade. O pedido de indenização é ínfimo, perto do prejuízo estimado. O comitê organizador da Copa 2018 pede 51 milhões de dólares (perto de 155 milhões de reais), mas calcula perdas que devem ultrapassar 1 bilhão de dólares (aproximadamente 3,3 bilhões de reais).

Fonte: Obra 24h