Vendas de imóveis no Brasil sobem 8,4% em 2020, mesmo sob impacto da covid-19
Apesar dos impactos causados pela pandemia de covid-19, que interromperam uma tendência de crescimento que vinha desde janeiro de 2018, o Brasil registrou um aumento de 8,4% nas vendas de imóveis novos (apartamentos) nos primeiros nove meses de 2020, na comparação com o mesmo período do ano passado. Em relação ao 2º trimestre de 2020, período de maiores perdas em decorrência da pandemia, o número de imóveis vendidos no 3º trimestre subiu 57,5%.
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Nos primeiros nove meses de 2020 houve uma redução de 27,9% nos lançamentos de imóveis e uma redução de 13% na oferta, na comparação com o mesmo período do ano passado. Em relação ao 2º trimestre de 2020, os lançamentos no 3º trimestre subiram 114,1%. Apesar do grande aumento, os números ainda não compensam as perdas do 1º semestre.
Os dados fazem parte do estudo Indicadores Imobiliários Nacionais do 3º trimestre de 2020. Realizado desde 2016 pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) e pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai Nacional), em parceria com a Brain Inteligência Estratégica, o trabalho foi divulgado durante coletiva de imprensa online nesta segunda-feira (23/11). Foram coletadas informações de 150 municípios, sendo 20 capitais, de Norte a Sul do Brasil. Algumas cidades foram analisadas individualmente ou dentro das respectivas regiões metropolitanas.
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Para a CBIC, o fato de o mercado não ter recuperado o volume de lançamentos represados em função da pandemia, apesar da tendência de crescimento nas vendas, pode ser um indicativo de cautela por parte dos empresários, em função do aumento no custo dos insumos.
Para o presidente da entidade, José Carlos Martins, a preocupação é a considerável queda do estoque aliada ao aumento dos preços. “A primeira constatação é que apesar do aumento dos lançamentos no 3º trimestre deste ano, eles ainda não foram suficientes para recuperar toda a perda do primeiro semestre, que foi de 44%. Mas a nossa maior preocupação reside no desabastecimento de insumos. A lei da oferta e procura, o aumento de preço e o atraso de entregas geram dificuldades de manutenção do cronograma de obras. Se isso não for resolvido, pode gerar um temor para o setor”, disse.
Martins reforçou que o aumento de vendas, redução de lançamentos e a consequente redução de oferta foram a marca de 2020. “Apesar da crise, prevejo que ano que vem a atividade do setor como PIB, geração de emprego e renda vai se manter em função do que foi vendido agora. No geral, o setor está em um momento interessante, mantendo empregos, além de ter criado 100 mil novos postos de trabalho. Ano que vem continuaremos crescendo e essa é nossa contribuição para esse momento difícil”, afirmou.
Em relação ao 2º trimestre de 2020, os lançamentos no 3º trimestre subiram 114,1% e apresentaram resultado positivo em todas as regiões do país. O maior aumento foi observado na região Sudeste, onde os lançamentos subiram 197,5% (18.110 unidades), seguida do Norte, onde o número de unidades lançadas cresceu 140,0% (896 unidades).
Na comparação com o 3º trimestre de 2019, porém, os lançamentos de imóveis (42.885 unidades) no 3º trimestre de 2020 apresentaram uma queda de 10,5%. Houve redução no número de unidades lançadas em todas regiões, à exceção da Centro-Oeste, que registrou aumento de 65,5% nos lançamentos. A maior queda foi observada na região Sul (4.585 unidades), com 50,5% menos lançamentos que no 3º trimestre de 2019, seguida pelo Nordeste, com diferença de 22,4% (1.558 unidades). No Sudeste, o número de unidades lançadas ficou praticamente estabilizado, com variação negativa de 1,2% (327 unidades).
No comparativo de lançamentos dos nove primeiros meses de 2020 (85.755 unidades) com o mesmo período de 2019 (118.886 unidades), houve queda geral de 27,9%. A maior diferença foi observada na região Sul, com 8.560 unidades a menos ou 37,3% menos lançamentos que no mesmo período de 2019. Em seguida Nordeste, com 6.640 unidades a menos ou 36,7% menos lançamentos que no mesmo período de 2019.
idades) no 3º trimestre. No Centro-Oeste, o aumento foi de 70,0% (2.210 unidades) no período, seguido da região Norte, onde as vendas subiram 64,5% (692 unidades).
Na comparação entre o 3º trimestre de 2020 e o mesmo período de 2019, as vendas subiram 23,7% e também apresentaram resultado positivo em todas as regiões. A maior variação foi observada no Centro-Oeste, com um aumento de 69,3% (2.197 unidades) nas vendas.
No acumulado dos nove primeiros meses de 2020, houve aumento de 8,4% (9.976 unidades) no número de unidades vendidas em todo o país, na comparação com o mesmo período de 2019. Novamente, o resultado foi positivo em todas as regiões. A maior variação foi observada no Nordeste, com aumento de 27,1% no número de unidades vendidas, seguido do Norte, com aumento de 24,6%.
A oferta final de imóveis no 3º trimestre de 2020, na comparação com o mesmo período de 2019, apresentou uma queda de 13,0%. Na comparação com o 2º trimestre de 2020, a oferta final diminuiu 5,0% no 3º trimestre.
Casa Verde e Amarela
O estudo Indicadores Imobiliários Nacionais do 3º Trimestre de 2020 também analisou a participação do programa habitacional Casa Verde e Amarela (CVA) nas unidades lançadas e vendidas e também na oferta final de imóveis, em todas as regiões brasileiras. A representatividade do CVA sobre o total de lançamentos, no trimestre, foi de 54,7%. Sobre o total de vendas, essa participação foi de 53,0%. Na oferta final, o número de imóveis do CVA representou 44,0% do total.
Na avaliação do vice-presidente de Indústria Imobiliária da CBIC, Celso Petrucci, os dados comprovam a importância do programa no mercado imobiliário em todas as regiões do país. “O mercado hoje depende quase que 75% do FGTS e do Casa Verde e Amarela. São 400 mil a 450 mil unidades por ano que possibilitam a aquisição da primeira moradia através do programa”, salientou.
Consumidores
Durante a coletiva de imprensa, também foi apresentada uma pesquisa que avalia a intenção de compra de imóveis por parte dos consumidores brasileiros. De acordo com o levantamento, essa intenção subiu 15% em outubro, superando patamares anteriores à pandemia.
Para Fábio Tadeu Araújo, sócio da Brain Inteligência Estratégica, essa é uma linha de tendência de alta da vontade dos brasileiros de comprarem imóveis. “Dos 46% de pessoas que a pesquisa indicou em outubro que tem intenção de comprar, 13% já estão procurando imóveis. Esse é um número importante, pois significa que estamos 5% acima da média de antes da pandemia”, destacou.
Fonte: CBIC