04 dez, 2017

PDG aprova plano de recuperação para R$ 5 bilhões

Após dez meses de negociação, muitas idas e vindas, os credores da PDG Realty aprovaram em assembleia ontem o plano de recuperação judicial para reestruturar R$ 5 bilhões em compromissos da construtora e incorporadora imobiliária.

Detentores de R$ 3,61 bilhões compareceram à assembleia, num total de 3.798 credores. Concordaram com a estrutura renegociada detentores de R$ 2,74 bilhões em créditos, ou seja, votaram favoravelmente. Pesou sobre esse total, na última hora, a Caixa Econômica Federal, que decidiu votar contra, mas foi a única entre os sete bancos envolvidos. No total, donos de R$ 819,2 milhões em dívida não aprovaram a renegociação.


A despeito de não ser o plano inicialmente pretendido pela companhia, ficaram de fora da recuperação judicial os empreendimentos com patrimônio de afetação – conforme foi a opção que prevaleceu entre as instituições credoras. Anteriormente, a recuperação judicial da PDG totalizava R$ 5,8 bilhões em compromissos.


O valor foi reduzido em R$ 800 milhões pela retirada de 38 empreendimentos que tinham patrimônio de afetação, sendo que 20 de obras a serem concluídas. Do que foi levado à Justiça, apenas três empreendimentos não estavam acabados. Foi justamente a discussão sobre patrimônio de afetação que alongou o processo. A expectativa é que a aprovação da recuperação judicial ofereça prazo para que a companhia e os bancos cheguem a um acordo sobre como finalizar os empreendimentos.


Entre os presentes, o plano da PDG Realty conseguiu aprovação superior a 94% em quantidade de credores e de quase 77% em volume financeiro. A negociação da PDG Realty foi assessorada pela RK Partners e pelo escritório de advocacia de Eduardo Munhoz.


O presidente da PDG, Vladimir Ranevsky, avalia que a execução do que está previsto no plano é bastante complexa. O planejamento inclui a venda de ativos para pagamento dos passivos e oferece a possibilidade de conversão de parte dos créditos em ações. “O momento não é de vender imóveis”, diz o executivo.


Só após a implementação é que será possível verificar qual a dívida final da companhia e seu novo prazo médio. Foi oferecido um cardápio de possibilidades aos credores (incluindo conversão da dívida em ações) e só agora, com aprovação do plano, cada qual vai optar pelo que julgar melhor.


O mais provável, de acordo com Ranevksy, é a PDG voltar a lançar empreendimentos a partir de 2019, pois as atenções vão se concentrar na execução do plano no próximo ano. “A retomada de lançamentos é uma determinação pessoal”, diz o presidente da PDG. A empresa chegou até a considerar a possibilidade de mudar o nome da empresa, mas decidiu mantê-lo, após pesquisa. “Haverá renascimento da marca”, diz Ranevksy.


A aprovação do plano de recuperação judicial da PDG foi um “alento” no atual cenário dos processos desse tipo, na avaliação de Munhoz, advogado da companhia. Para ele, foi a postura dos envolvidos que tornou possível uma solução para um caso tão complexo – 512 sociedades, 20 mil credores e compromissos bilionários – num período de dez meses. O principal legado, na visão dele, é que a reestruturação deixou registrado um caminho possível nesse setor.


Na avaliação de Munhoz, há dois pontos importantes a serem destacados. De um lado, os bancos credores, incluindo aqueles com garantia real, entenderam que parte do dinheiro que for recuperado com venda de ativos deve ir para pagar despesas da companhia. “Houve entendimento a respeito da importância da manutenção da empresa viva, com sua estrutura de vendas funcionando. É a compreensão de algo muito difícil no Brasil e um precedente muito importante.”


Do outro lado, os atuais acionistas da PDG aceitaram uma diluição sem limites para suas respectivas participações, pois não há um teto para troca da dívida por ações. “Sem ter recursos para quitar as dívidas da companhia, os acionistas entenderam que a empresa pertence aos credores. Esse é o verdadeiro reconhecimento de que o credor vem na frente do acionista”, afirmou.

Fonte: Site IBRAFI