29 nov, 2017

Cimento verde: Pesquisas avançam na direção de um material menos poluente

Todos sabemos que o cimento é um material muito poluente, o ideal é reduzir o máximo o seu uso na construção, mas muitas vezes é difícil eliminá-lo completamente. Estudos avançam na direção do ” cimento verde “, um material que gera menos emissão de CO2 e consume menos energia na produção.

O Instituto de Tecnologia de Karlsruhe (KIT), na Alemanha, um dos principais centros de pesquisa sobre consumo de energia da Europa, desde 2009, entre seus estudos prioritários está o desenvolvimento deste material. 

O objetivo é chegar a um material que gere menor emissão de CO2 e consuma menos quantidade de energia para ser produzido. 

Os avanços não param. No recente simpósio “O Futuro do Cimento”, que aconteceu em Paris (França), o KIT apresentou seus estudos mais recentes sobre a produção de cimentos que substituem o clínquer pelos hidrosilicatos de cálcio (Celitement®). 

A descoberta permitirá produzir cimento com 50% menos consumo de energia, pois a mistura é atingida a 500 °C em vez dos 1.450 °C tradicionalmente necessários para a produção do material. 

Para o engenheiro químico-chefe do instituto, Peter Stemmermann, as pesquisas estão em evolução e o próximo passo é a construção de uma planta-piloto que permita produzir 100 quilos por dia do novo aglutinante. “Essa produção vai possibilitar realizar a aplicação do cimento em vários tipos de sistemas construtivos, a fim de que o material possa ser produzido em larga escala”, diz o pesquisador. 

De acordo com Stemmermann, o “cimento verde” será realidade a partir de 2050. “Atualmente, são produzidas cerca de dois bilhões de toneladas de Cimento Portland por ano, em todo o mundo. Se todas as fábricas do planeta vierem a adotar a tecnologia que estamos desenvolvendo, meio bilhão de toneladas de dióxido de carbono deixaria de ser emitido na atmosfera a cada ano. Isso contribuiria enormemente para a preservação do clima. Mas, obviamente, não estamos falando de uma transformação a curto prazo. Imaginamos que podemos atingir esse cenário a partir de 2050 “, diz. 

Além do desenvolvimento tecnológico, o centro de pesquisa da Alemanha também precisa viabilizar economicamente o “ cimento verde ”. 

“O caminho para uma implementação de produção em massa é longo. Certamente, exigirá vários anos de desenvolvimento extensivo. As etapas passam por testes exaustivos e pelos processos de certificação, de regulamentação e de normalização. Nossa previsão é de que, no curto prazo, o cimento à base de Celitement® só deverá ser usado para aplicações especiais e totalmente inovadoras. Superadas todas as barreiras, e com a produção em grande escala, o material tende a se tornar viável economicamente para a aplicação na maioria das obras”, prevê o engenheiro químico-chefe do KIT.   


Cimento Verde no Brasil 

No Brasil, no começo desta década, pesquisadores da Escola Politécnica da USP, liderados pelos professores Vanderlei John e Rafael Pileggi, conseguiram produzir um tipo de “ cimento verde ”, usando uma tecnologia menos complexa que a em desenvolvimento na Alemanha. 

O que os especialistas brasileiros fizeram foi substituir parte do clínquer por pó de calcário cru superfino. O rearranjo na fórmula do cimento produzido na USP permitiu reduzir a emissão de CO2 em 50%. Atualmente, a tecnologia embrionária ainda encontra-se limitada a estudos acadêmicos. 


Fonte: Sustentarqui